sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ressuscitei

 
Bom dia. Venho dar uma voltinha. A oeste, onde o sol se põe, há um paredão de nuvens. Não sei ler sinais da atmosfera, só quando chove sei que chove, nem creio que alguém saiba, muito menos através dos ossos. Na paragem do autocarro, uma sábia vendo as nuvens, disse: daquele lado é o mar. Todos nós acreditámos mas permanecemos mudos e quietos à espera do transporte da carris.
 
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Antígonas. Em pelo menos dois posts referi-me a este mito clássico: um, integrado no caderno "Londres 1984" e o outro, para comentar uma obra de Freud que relacionava psicanálise e humor. Por causa deste último post - onde fiz alusão à forma jocosa e ambígua como os jornais alemães titularam o que seria a primeira representação da Antígona em Berlim (teria pouca antiguidade), - lembrei-me da versão de Brecht que a localizou precisamente nesta cidade: Polinices é um adolescente que desertou do exército alemão, tendo sido posteriormente torturado e executado pelos SS e, claro, para cumprir o mito, o seu corpo ficou insepulto. Noutro post mais recente sobre mitos e cinema - ...mas a teoria literária é que gosta muito disto, vejam os famosos cânones ocidentais cheios destas relações, e a ideia comum de que tudo o que se escreve já foi escrito na Grécia antiga -, não me referi à Antígona, recordo agora um bom filme, "a noite da iguana", cuja personagem interpretada por Deborah Kerr é baseada no mesmo mito.
 
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