quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Arte milenar


 
Morei ali, atrás daqueles prédios. Se me recordo de alguma coisa desses tempos é das vindas à Gulbenkian namorar. Mas também me lembro bem da sala pequena onde cabiam todos os retornados do «hotel»: à noite, uma mole de gente sentava-se no chão a assistir à «Gabriela». Foi fixe, a Gulbenkian tinha as suas luxuosas latrinas arménias, mas a Pensão Zuari tinha aquela sala. Foram tempos de baloiço, ia e vinha. No meio, nada, só algumas personagens já difusas pelo tempo: a «boa», o «velho», o «dono»; nem da «boazona», a namorada, ficou o nome, e até a Zuari mudou de rua. A Gulbenkian, sim, mantém as casas de banho iguais. A vossa Gulbenkian. A «nossa», a «nossa».
 
***