Um dia, cedo, apareceu-me no portão do Cemitério de Santa Maria o Kléber. O Kleber era, e se está vivo ainda há de ser, um médico brasileiro que andava em tirocínio pela Europa a fim de ganhar coragem para voltar ao Recife. Fez o curso na republica da Casal Ribeiro em Lisboa e foi lá que o conheci. Saudações feitas, contou-me que lavava doentes mentais perigosos com mangueirada. Numa cela com grades, o doente, nu, ora virava-se de costas, ora ficava de frente. Havia dois tipos de jatos, com sabão e só água. «não há 'aclaramento'?» - perguntei, fazendo humor. «Eles gostam pr'a caralho, Paulo».
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