terça-feira, 6 de maio de 2014

Boas contas, soletrar e rascunhar; e a seguir mestrados.


A educação como engenheira

A melhor forma de matar uma área disciplinar no 1º ciclo é dar-lhe um estatuto curricular. No ciclo inicial da escolaridade só a matemática e o português sobrevivem. O mundo "até à quarta classe" é muito complexo. A resistência, perdoem-me a simplificação, é de natureza cultural: a aritmética e a redação são ainda a suprema ambição daquela escola «toda». Eu fui durante alguns anos coadjuvante de educação física. A iniciativa tinha como grande objetivo autonomizar os docentes numa disciplina que eles diziam exigir conhecimentos e técnicas de segurança muito específicos. Mas, entre outras impopularidades como o suor, a prática regular do exercício físico roubava tempo semanal às duas magnas disciplinas. Ou seja, gastou-se dinheiro e pouco mudou nos hábitos e práticas docentes. O inglês curricular no 1º ciclo corre este risco. A melhor solução para a segunda língua não é esta que o governo quer implementar. Voltando à "expressão e educação físico-motora", é assim que se chama a "ginástica", devo dizer que o trabalho que os moços e moças estão a fazer no âmbito das AECs tem sido extraordinário. O dinheiro que se irá gastar em novas formações académicas se fosse aplicado nestes jovens seria bem melhor do ponto de vista profissional e social. Até porque, parece que a necessidade de curricular o inglês no 1º ciclo coincide com outra vontade, o interesse da academia em promover uns mestrados. Não ouviram?!
 
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