segunda-feira, 10 de março de 2014

Dizer ou não dizer

Há tempos, creio que foi num blogue, li que há um povo deste grande e diverso mundo que cataloga os cheiros com nomes próprios, abstratos como os nomes que demos às notas musicais e às cores. Hoje, abri o livro do «sol», isto é, o livro do sol abstrato, e o que li? sol «quentinho», sol «redondo», sol «alumiador», sol «gotas de orvalho brilhantes». A conquista abstrativa da linguagem simplificou a comunicação humana mas mandou «muitas coisas», inclusivamente afetos, para a cave. Ficou só o incompetente verbo. Dizer sol como as lagartixas dizem é a melhor forma de sermos.
 
***