domingo, 2 de março de 2014

Machete disse

Para uma mente binária como a nossa, constantemente a julgar e a dividir os homens em bons e maus, a "guerra fria" conseguiu evitar muito sangue (do bom). Já para um mundo múltiplo, não há cérebro suficiente para uma paz "calculada". Tenho lido quase tudo sobre a crise ucraniana e a confusão é tanta que não se distinguem os bons dos maus. Se usarmos os "zeros" e "uns" do tempo da guerra fria, consegue-se vislumbrar de um lado a velha Rússia imperialista e do outro a "pequena" Ucrânia nacionalista. "Bons" de um lado e "maus" do outro. Mas no mundo atual - e não nos podemos esquecer que este mundo é o resultado de uma vitória "ocidental" - as circunstâncias não nos permitem esta dicotomia clássica. Onde meteríamos, por exemplo, a extrema direita, segundo alguns nazista, que comanda a revolução ucraniana?, e os milhões de russos que habitam o sul e o leste da Ucrânia? e já agora, para usar um argumento de mercado, onde cabe, nesta história ingénua de "aproximação à Europa", a dependência energética ao gás siberiano e a impotência económica europeia? Quando os bons e os maus não se distinguem... a própria NATO será suficientemente boa? 
 
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