sábado, 11 de janeiro de 2014

As três graças


Lagoa pequena, Arrimal, 1997
 
Há bastantes anos, a nosso convite, foi à escola um escultor famoso. O ministério da educação promovia um concurso para embelezamento dos estabelecimentos de ensino e nós queríamos apresentar um projeto. A diretora chamou-me e depois de trocar algumas impressões com o artista, cujas mãos impressionavam - a mania que temos de dar valor às manápulas dos que trabalham a terra -, fiquei bastante dececionado com o lado mercantil da conversa. Fora isso, o escultor expôs uma ideia relacionada com as «três graças», que me pareceu pouco apropriada para o contexto escolar. Ainda assim, não me manifestei, até porque o efeito "estranho" poderia ser propositado, e, pensando bem, um toque de beleza clássica evocando a natureza, naqueles espaços alcatroados, até nem ficava mal. Acabámos por não concorrer, e do encontro resta-me apenas a memória de um camponês bruto enternecido por três "crias".
 
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