quinta-feira, 3 de outubro de 2013

8 mm

A. Kertész
 
«Eu apareço na motorizada e salvo-te». Fui para trás da duna, acelerei e quando estava quase no cume, prestes a fazer o salto, ouvi-a gritar: «ésseóésse, ésseóésse...». Ralhei com ela, disse-lhe que não a ia salvar do fogo, que compreendesse que o meu salvamento era simbólico. Voltei para trás do monte e arranquei a fundo, o salto não saiu muito alto mas o importante era tocar na alma da minha «irmã». E assim aconteceu: enquanto eu olhava fixamente para a câmara, ela cobria-me com beijos de agradecimento. Até começar aos acenos para a objetiva da velha máquina. No Vau (?), em 1972.
 
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