terça-feira, 24 de setembro de 2013

Discursos com ideias globais

Duas ou três notas negativas a «narrativas» globalmente muito boas. A primeira, sobre o aproveitamento de mortes para ilustrar a tese de que a solução dos incêndios passa pela perda de prerrogativas da instituição dos bombeiros. Foi pena o golpe baixo. É verdade que esta guerra só pode ser ganha com uma visão estratégica supra corporativa, mas os bombeiros que morreram no combate aos incêndios, ainda que formados e comandados pela parte mais «envolvida» e «interessada» no fogo,  não devem ser emocionalmente invocados para o debate. Outro tiro no pé, num discurso bastante aceitável, foi o do antigo ministro da educação, David Justino, e que agora preside ao CNE. Apresentou uma ideia boa: olhar para os professores. Vê-los num «trajeto» antecedido por uma boa formação inicial - (atenção: as escolas superiores de educação são uma criação da década de oitenta, quando FMI obrigou Portugal a diminuir o tempo de formação docente; desta lembro-me eu) -, e finalizado com uma avaliação global «de percurso». Esta tónica nos professores pode ser bem-vinda, o problema é que David Justino não centra a política educativa na questão mais importante, com repercussões, por exemplo, na coesão nacional: continuar o  combate ao insucesso e ao abandono escolar. Por fim, o discurso do presidente da associação de futebol de Lisboa. Dois tiros no pé: um, o racismo desprezível manifestado no facebook; o outro, em tom histérico o "custe o que custar vamos vencer o norte". Safa-se a mensagem subliminar, muito subliminar, muitíssimo subliminar do discurso:
 
«chegará um dia a vez
do futebol português».
 
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