quinta-feira, 18 de abril de 2013

Bilhete

 
A serra dos Candeeiros tem vários nomes, na ponta norte, por exemplo, chamam-lhe serra dos Moleanos, é um nome mais ou menos conhecido a nível nacional por ser daqui a pedra "moleanos", a melhor calcária que se usa na construção; outro nome que se dá à serra é "Albardos". Em relação a este nome o que tenho lido é que deriva do árabe albardo que significa frio. No entanto, não me custaria nada a acreditar que a denominação viesse da sua morfologia semelhante ao dorso perfeito de um animal. De facto, apetece montar  a serra comprida e de topo arredondado. Na encosta nascente dão-lhe ainda outros gentílicos ligados às suas povoações: Mendiga, Alcobertas, etc. Mas, definitivamente, o mais comum atualmente é Candeeiros que vem do lugar com o mesmo nome pertencente à freguesia da Benedita. Tem cerca de 25 quilómetros de comprido e possui uma orientação paralela à linha da costa, que dista também à volta dos 20 quilómetros. Esta região, ligada à fundação da nacionalidade, foi marcada pela colonização beneditina: pomares, pomares e missas. Bons especialistas escreveram sobre ela, a começar por Orlando Ribeiro  e a acabar em Vieira Natividade, passando por este Lopes Cardoso. Indo do mar para a serra atravessamos 3 ou 4 zonas bem distintas umas das outras. Logo junto ao mar há uma serra. A encosta é por isso alta e com lajes, algumas com pegadas de dinossauros; a seguir vem um vale tifónico, lisinho, onde vivem os caldenses com pompa e circunstância. Continuando para a serra dos Candeeiros atravessamos uma região de colinas e ravinas que rimam muito bem umas com as outras. E chegamos finalmente ao vale mostrado na fotografia onde tenho a minha dacha. É um vale de escoamento cujo ralo é a Nazaré e foi durante séculos uma boa passagem entre o norte e o sul do país. Por aqui passaram as tropas napoleónicas (penso que sim), a estrada dona Maria (séc. XIX), a estrada nacional nº 1, e seria por ele que passaria o TGV. Julgo que Brutus, o miliciano romano que invadiu a Galiza indo do sul também terá passado por esta vinha vindimada. Está quase a tocar para a minha aula, tenho que ir montar um circuito gímnico, mas se quiserem visitar as pegadas dos dinossauros, peçam-me que eu sou dos muito poucos que sabem onde ficam. Calcem sapatilhas. Abraços.
 
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