quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Melhor 2013


Arqueadas pelo cavalo

Estive presente como convidado, dia 20 de dezembro, no conselho pedagógico extraordinário. Ponto único da ordem de trabalhos: os níveis "uns" atribuídos nas reuniões de avaliação do 1º período. Li um texto cujo resumo adaptado apresento: 

"Trabalho nesta escola há mais de vinte anos e não me lembro da atribuição de níveis “um”, ainda que houvesse essa possibilidade teórica na avaliação dos alunos. É um fenómeno original na história desta casa atribuir o nível mais baixo da escala a crianças de 10 anos, a maioria, para não dizer a totalidade, crianças com gravíssimos problemas. Após estes anos todos as políticas educativas internas de inclusão e de criação efetiva de igualdade de oportunidades parece que foram uma “canseira”, mais uma daquelas "burocracias" que nos impedem de sermos "bons e exigentes professores". O que mudou, então, na nossa escola?  

Sem prejuízo da responsabilidade pedagógica de cada um, o problema a meu ver, centra-se numa «pressão» externa sem rosto. A mesma «pressão» da «crise». A «competitividade» introduzida no ensino, não elevou a sua qualidade mas aumentou sim o insucesso e a exclusão que, consequentemente agravará ainda mais a falta de coesão e a nossa capacidade coletiva de responder à crise. 

Claro que não há inocentes, internamente há intérpretes conscientes do seu papel na seleção dos «melhores». Esquecem-se é que o triunfo de uma ideologia deste género, não tem critério humano, funciona como um “Excel” que vitima indiscriminadamente, como aliás já se viu dentro da própria classe de professores. 

Os exames e a cultura da avaliação devem servir para melhorarmos a nossa aprendizagem e o nosso ensino, mas não para excluir nestas idades tão baixas; os alunos precisam de ser avaliados, examinados, é um direito deles, mas a avaliação não pode constituir-se numa barreira social inultrapassável. Essa é a diferença entre a competitividade sã e a malsã. Ou se quiserem, a diferença ideológica.

Portanto, para mim, esta questão deve unir-nos em defesa dos princípios que norteiam o ensino público de qualidade, e não deve dividir-nos. As nossas políticas internas sempre estiveram de acordo com o espírito constitucional, com a lei orgânica da educação, o direito das crianças, com a inclusão, com a igualdade de oportunidades. Os resultados dos nossos exames, o nosso ranking, apesar de tudo, é positivo, como sabem (521º em 1136 escolas, a segunda - em 5 - do conselho de Alcobaça); outras escolas escolheram o pseudorrigor da exclusão, e ficaram atrás de nós. 

Criam-se estes mitos em torno da «exigência», mas só sendo exigentes com os princípios da inclusão seremos exigentes com a educação dos alunos. Os conselhos de turma têm responsabilidades na aprovação das propostas de níveis. Por isso, cada vez mais é necessária a colaboração entre todos.

Muito obrigado pela atenção".

20 de dezembro de 2012, Paulo Costa, presidente do conselho geral