quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Em cima da história

Foi preciso acontecer a recente «crise» para perceber que há um mar profundo, para utilizar uma expressão lipovetskyana, onde estamos mergulhados. Gilles Lipovetsky - cada frase sua é uma bomba -, caracteriza o pós-modernismo como "a era do vazio", e de facto os estilhaços da «crise» revelam, sem necessidade de lupa, a ideologia individualista em que vivemos. Os acordos internos dos corporativos não passam de acordos tácitos para cada um viver o mais narcisicamente possível. Só assim se explica que 120 mil professores saíram à rua por causa da «sua» avaliação, e quando se tratou do problema sério do desmprego na classe manifestaram-se apenas 30 mil. Dir-se-ia que tem lógica tudo terminar em «mim», num festim ontológico, mas na verdade, se houver outra oportunidade para o capitalismo parece-«me» que muita coisa mudará nestas «redes sociais».
 
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