Passos Coelho deixou escapar qualquer coisa em relação a isto do carnaval. Escapou-lhe por entre os dedos da austeridade, da produtividade e da economia em geral, saíu-lhe sem se aperceber que o que disse em entrelinhas define-o melhor do que a contabilidade de guarda-livros que insiste praticar na governação do país. Dá a entender que o folguedo popular mais carnal do ano, não pode ter a veleidade de assumir-se no calendário com um estatuto de feriado, ainda que informal, como são os "sérios" e "profundos" feriados religiosos. O primeiro-ministro, ao ironizar que «até tiramos dois feriados religiosos, portanto, não é agora que vamos institucionalizar o feriado no carnaval», tomou uma posição cultural e política em relação ao corpo: defendeu implicitamente as "amarras" sagradas: a contrição, o retiro, o jejum, a abstinência, o tapamento, etc.. Contra o feriado? ...e contra o carnaval.
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