Não é difícil explicar o pranto do ponto de vista fisiológico ou na perspetiva dos «sentimentos». À luz destas superficialidades o choro até virou uma técnica para espantarmos os nossos males: «faz bem chorar», «os homens também choram», etc. E por se ter tornado assim tão explicado e praticado, o choro é um bocejo, ainda que choremos como fazemos à morte: escondidos nas traseiras. Porém, a dor é imanente e irredutível, e a sua genuína manifestação vem da pedra que somos, muito mais lá detrás da língua, portanto. Esse grito, esse uivo, é o verdadeiro choro.
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