Não iremos retroceder ao sistema educativo "só para alguns" do tempo da ditadura. A legislação que tem saído aponta para a seletividade e para a exclusão mas nas políticas educativas em Portugal há que contar com a "correia de transmissão". Se houvesse resultados práticos visíveis de acordo com o espírito das leis, de 1986 - data da Lei de Bases do Sistema Educativo - até ao triunfo do atual governo neo-liberal, todos os portugueses teriam sido escolarizados. Todos escolarizados e bem escolarizados. As consequências por si são graves, dispensamo-nos de as apresentar, mas o sentimento de frustração é maior porque perdemos tempo e investimos muito dinheiro. Só há uma explicação para todo este insucesso e ela passa pelas escolas, os locais onde se cocretizam as políticas educativas através dos seus principais agentes - os professores. E foi precisamente quando, no tempo de Sócrates, chegaram os diretores e a avalição do desempenho, que as estatísticas melhoraram significativamente. O sucesso de uma política educativa deve mais a uma boa "correia de transmissão" do que à sua ideologia. Mesmo acreditando que neste caso particular a classe de professores simpatize com a deriva exclusivista, dita de exigência, não estamos a vê-la a justificar tanto «seu» insucesso escolar.
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