quinta-feira, 3 de julho de 2014

Não sendo o problema do camello, é da cáphila

Quem aprecia poesia tem que gostar da poesia de Sofia forçosamente, e quem lê a poesia da autora, inevitavelmente gosta da sua pessoa. Não tinha que ser assim, mas é. Colocar a poeta ao lado de requintados imortais, ainda que num cemitério, é um dever. Só que, a trasladação do seu corpo para o panteão não teve nada a ver, ou teve porque apenas deu jeito, com o exclusivo valor literário da sua obra. Do que eu li sobre este tocante evento social, concluo que há mais quem pense assim. Não vou tão longe ao ponto de dizer que a trasladação lava o regime, mas um poeta que esteja ali, naquele ponto de fusão entre talento provado e posicionamentos políticos "corretos", entre clareza e simplicidade poética e um nome alarde que os exibe, põe-se muito a jeito para ser aclamado por «eles». Não sendo o problema do camello, é da cáphila.
 
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