segunda-feira, 24 de março de 2014

101, 102...

Lembro-me particularmente de uma, a de um velho, meu vizinho do andar inferior. Fui ao funeral porque me senti obrigado, eu fora o seu último amigo. Desde esses primeiros tempos de Benedita até ao dia de hoje, cheguei às cem com facilidade. Upa, upa: mais a da colega, a do rapaz da Lagoa das Talas, a da «tia», a do gajo que ficou sob a roda do trator, a de um dos patriarcas do Pego, a do puto cinco estrelas, a do retornado do planalto angolano, a do filho da puta... a de tantos, todos com nome. Nenhuma de «ninguém». A morte é, de facto, de um convívio excelente, é diária e almoça connosco, e girando em torno, mirando-a sentimos que o nosso nome vale muito e tanto como o de todos que nada vale.
 
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