terça-feira, 2 de julho de 2013

Eleições, já


Nestas coisas de árvores há que tomar muitas cautelas. Não se trata só de ver quem ronda por perto, é preciso andarmos cosidos às moitas. Na gloriosa jornada de desbaste das virgens oliveiras, deixei para o fim um velho e matacão zambujeiro. Embora tenha apresentado duas motosserras, uma delas um monstro, a vizinhança comentou que eram canivetes pró tronco duro e retorcido. Deixei passar uns dias e à sorrelfa comecei com a mais maneirinha a fazer cortes à lenhador (em forma de cunha). Estava eu de cócoras nesta harmonia com a natureza quando sinto atrás de mim dois vizinhos com as respetivas motosserras. Num instante o prazer de tombar o gigante foi para o maneta. A seguir, um deles, com o machado que não se desencavava nem por nada, escachou-me o zambujo, caralho. Ainda salvei um cepo para cortar nele os galhos mais finos com a machadinha. No campo é assim, há que controlar os gaios que acordam muito cedo e comem a fruta e há que estar atento aos invasores do nosso território que querem tomar as nossas irmãs.
 
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