quarta-feira, 1 de maio de 2013

Aos que querem usurpar a nossa memória

Muito simplisticamente há três maneiras de vivermos a memória: recordando o passado, vivendo -o saudosamente ou com amargura; utilizando-a no presente como uma base de dados útil; ou libertando-a para o futuro. Organizar a memória de longo prazo é complicado porque choca com os interesses imediatos, com as primeiras e segundas formas mnémicas. A memória do futuro é uma prospetiva difícil de ensinar e de aprender e muito mais difícil ainda, de treiná-la, porque foge da repetição; a repetição é, aliás, a negação desta memória. Mas as três podem coexistir pacificamente, isto é, os três tempos podem ser jogados inteligentemente para sermos mais felizes, sendo o último modelo "apenas" o mais estratégico de todos. A necessidade de libertarmos memória para o porvir talvez venha da condição de sermos seres em desequilíbrio, e que, para não cairmos prá frente nos reequilibremos com o passado.
 
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