domingo, 3 de março de 2013

Orientalistas portugueses

Algumas traduções do famoso haiku de Matsuô Mashô (retirado do extinto blogue da rua nove):

Furu ike ya
Kawazu tobikomu
Mizu no oto
Matsuô Bashô (1644-1694)

Ah! o velho poço!
uma rã salta
som da água.
Tradução de Armando Martins Janeira (1914-1988)

Quebrando o silêncio
do charco antigo a rã salta
n'água - ressoar fundo.
Tradução de Jorge de Sena (1919-1978)

Um templo, um tanque musgoso;
Mudez, apenas cortada
Pelo ruído das rãs,
Saltando à água, mais nada...
Tradução de Wenceslau de Moraes (1854-1929)

Ah! o velho lago
... o baque na água.
Tradução de Paulo Rocha e António Reis (publicada em 1970) - sobre esta tradução, AQUI

As traduções, como sabemos e como diria a jovem Susan Sontag, podem ser de dois tipos. A de S. Jerónimo, que recorria bastante à literalidade, e a criativa à qual me baseio eu. Às vezes, como acontece no caso presente, somos captados pelo espírito das palavras e... na mosca!
 
Furu ike ya
Kawazu tobikomu
Mizu no oto

No lago eterno
saltaram quatro sapos
tempo acordado.

***