terça-feira, 8 de maio de 2012

Louise

Mas, à indiferença dos peões contrapunha-se o interesse mediático pelos sem-abrigo. Senhoras, donos de restaurantes, políticos comiseravam-se com estas situações de extrema pobreza. Denunciavam, voluntarizavam-se e ajudavam. E apelavam à história pessoal dos indigentes dando-lhes rosto, fazendo-os personagens de um enredo à boa maneira inglesa, e recorrendo às desgraças dramáticas da vida que a todos podem tocar, ganhavam público. Como é bom de ver, nada disto se encontrava nos populosos bairros a juzante do rio, muito pouco apetecíveis do ponto de vista mediático: recordo-me de uma fotografia no Times com duas crianças a sorrir num jardim pouco maior que o escorrega. Foi tudo da alma e coração de Hackney. E, sem mais nem menos, agarrar-lhe a mão?

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