sábado, 28 de abril de 2012

Beleza londrina

Naquele tempo, uma nuvem negra descera à terra e apoderara-se do leste londrino. Na city, a zona histórica e comercial da cidade, a «baixa» como eu teimo chamar, a miséria servia de espetáculo. Os sem-abrigo, como animais exóticos, prostravam-se nos bancos com os «tradicionais» cabelos desgrenhados e sobretudos surrados. Eu lia os pensamentos dos passantes, não tão indiferentes quanto isso porque havia os que se lembravam da «limpeza à pele». Eram tocados pela cosmética dos sem-abrigo. E sendo o espaço mais público de Londres e o centro banqueiro, a miséria até tinha uma função naquelas ruas: fazendo o contraste, dava mais visibilidade à beleza «financeira». Tudo corria bem para estes lados, ao invés dos bairros do leste.
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