Não chega o céu, quereis pisar chão.
Hoje fui testemunhar num processo movido a um professor. É claro que prestei o meu depoimento com base no que sei da realidade do caso, mas há neste imbróglio aspetos sintomáticos da relação entre a escola em geral - a escola portuguesa -, e a comunidade. Não nos podemos esquecer que a escola, mais do que tudo, mais do que o mundo do trabalho, foi a principal seletora social. Aos melhores cargos do aparelho de estado ou das empresas só chegava a elite que se tornasse doutora. E não usou apenas critérios académicos para excluir, mas também, à mistura e estratégicamente, utilizou a sua autoridade corporativa para se fechar à comunidade. A reação que vemos hoje, de pais contra professores - e são sempre ou quase sempre, famílias económica e culturalmente pobres -, não é mais do que a procura desesperada de um lugar ao sol.
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